CAPÍTULO UM

VIVIAN Brooks ouvia os aplausos da platéia com grande satisfação e felicidade estampado em seu belo rosto de traços clássicos. Retribuía fazendo referencias como era de costumes os atores o fazerem após o término de uma apresentação. Aquela havia sido a última noite de apresentação do espetáculo “Desejo de viver”, após quatro semanas naquele país. Estavam na Itália.   

Suspirou satisfeita ao constatar que depois de anos de luta, ela e seus companheiros finalmente colhiam bons frutos de tanto trabalho e dedicação às artes cênicas. Tudo graças ao talento de todos e ao generoso patrocínio de seu pai. Agora tinham seu trabalho reconhecido não apenas em seu país como naquele também!

Estava sorrindo para seu público quando de repente, seus olhos fora de encontro a um homem alto, forte, de presença muito imponente. Ele estava de pé na primeira fila e batia palmas de maneira muito lenta, era como se estivesse fascinado por algo ou alguém.

 Seu olhar penetrante, repleto de magnetismo, estava nitidamente centrado nela e teve o poder de enviar ondas elétricas por cada milímetro de seu corpo, simplesmente paralisando-a por completo, causando-lhe efeitos avassaladores. Sentiu-se absolutamente presa. Era como se, de repente, apenas ambos existisse dentro do suntuoso teatro.

A sensação era de ter mergulhado em águas profundas. Profundas e perigosas. Foi o registro insidioso que sua atordoada mente lhe enviou a despeito das reações completamente novas que subitamente apoderaram-se dela, tamanha a emoção que sentia diante àquele olhar tão intenso, hipnótico, marcante... De repente o estranho lhe sorriu. Um sorriso único, envolvente, embriagador...

Tinha percebido que ela o havia notado e que agora o observava. Totalmente perturbada desviou seus olhos dos dele, sentindo que as batidas de seu coração batiam além do normal. Ter sido pêga em flagrante quebrou a áurea de encanto. E deu graças quando finalmente as cortinas desceram separando-a do enigmático desconhecido.